Palestra Prof. Alexandre Mendonça Munhoz no III São Paulo Breast Symposium
15 anos de Experiência com a Via Axilar em Cirurgia de Aumento de Mama com Prótese de Silicone Redonda e Anatômica
World Trade Center - WTC, São Paulo
15 anos de Experiência com a Via Axilar em Cirurgia de Aumento de Mama com Prótese de Silicone Redonda e Anatômica
São Paulo Breast Symposium, WTC-SP, Simpósio de Cirurgia de Mama Estética e Reparadora no World Trade Center 2016 |
São Paulo Breast Symposium, WTC-SP, Simpósio de Cirurgia de Mama Estética e Reparadora no World Trade Center 2016 |
Realizado no período de 29, 30 de setembro e 01 de outubro de 2016, o III São Paulo Breast Symposium (III SPBSS), no World Trade Center (WTC) de São Paulo. Semelhante aos anos anteriores, de 2015 realizado no Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) e 2016 realizado no próprio WTC, o III SPBSS foi formatado de maneira a manter uma maior interação possível entre palestrantes consagrados na área de cirurgia estética e reparadora da mama, e a platéia formada por essencialmente por cirurgiões plásticos com experiência na área mamária. Este ano o evento contou com mais de 60 palestras, divididas em 20 sessões ou painéis com 3 apresentações cada, fato este que permitiu maior ênfase a discussão entre os palestrantes e, sobretudo com a audiência.
O Professor Alexandre Mendonça Munhoz, co-chairmen do III SPBSS e um dos responsáveis pelo programa científico, realizou no evento duas palestras relacionadas à cirurgia estética da mama com o uso de implantes de silicone, e duas moderações de painéis, relacionadas à novas tecnologias em cirurgia de mama, e emprego de enxerto de gordura como procedimento em cirurgia mamária.
Abordando sua experiência de 15 anos com a via de acesso axilar, o Prof. Alexandre Munhoz, mostrou os aspectos técnicos, indicações e resultados com o emprego da técnica no aumento mamário com implantes de silicone, redondos e anatômicos (em gota). Segundo o Prof. Munhoz, sua experiência apresentou constante mudanças e evoluções em relação a preferência pela via de acesso e o formato do implante mamário. Desta forma, no início da década de 2000 havia uma maior preferência por implantes redondos e ausência de indicação para via de acesso axilar.
Com o aprimoramento da técnica, o advento do uso do endoscópico e a identificação de sub-grupos de pacientes que teríam melhor benefício com formatos de implantes distintos, houve um aumento do emprego do implantes anatômicos e o início do uso da via de acesso axilar. Com a evolução destes aspectos, atualmente na experiência do Prof. Alexandre Munhoz, o uso da via axilar representa 80% e o emprego de implantes anatômicos quase 50% dos casos clínicos.
Essa experiência resultou em duas publicações indexadas, quais sejam a experiência inicial com emprego de implantes de silicone redondos e uso da via axilar (Aesth Plast Surg, 2005) e a experiência mais tardia com uso dos implantes anatômicos e emprego da via de acesso axilar (Clin Plast Surg, 2015). Em ambas as publicações, foram analisadas a técnica cirúrgica, aspectos relacionados ao planejamento e resultados cirúrgicos com evolução a curto, médio e longo prazo.
Entre os principais benefícios relacionados a via de acesso pela axila, merece destaque o posicionamento da cicatriz em região distante da mama, e desta forma a completa ausência de cicatrizes pós a colocação do implante de silicone, nas áreas mamárias. Em pacientes com pouca definição do sulco infra-mamário ou em pacientes com assimetrias do sulco, a via axilar permite maior precisão na definição do neo-sulco uma vez que não há cicatrizes nesta região.
Associado a esses aspectos, e as vantagens relacionadas a via axilar e já enfatizadas em publicações prévia, o Dr. Munhoz salientou o consenso publicado previamente e já exposto neste blog, o DELPHI Consensus sobre o uso de implantes anatômicos, o qual coloca as principais indicações e contra-indicações dos implantes.
Neste consenso, pacientes que desejavam menores aumento de polo superior de mama, e que apresentavam insuficiência de polo inferior da mama, com constrição desta área ou mesmo aspectos relacionados à mama tuberosa ou semi-tuberosa apresentaram os maiores índices de concordância na opinião dos especialistas participantes em relação a indicação e contra-indicação destes implantes. Ademais, foram discutidos alguns aspectos relacionados à indicação atual dos implantes anatômicos e redondos. Desenvolvido pelo Prof. Alexandre Munhoz, o Diagrama de Critérios de Indicação, permite identificar sub-grupos específicos de pacientes de acordo com o volume do polo superior da mama, a espessura tecidual e o volume mamário desejado pela paciente.
Neste sentido, há a possibilidade de identificação de um grupo de mulheres, denominadas na classificação de sub-tipo I, a qual desejam um maior volume no polo superior, apresentam maior espessura tecidual (glândula mamária e tecido adiposo), e não desejam grandes aumentos em relação ao volume do implante. No outro extremo, são as mulheres mais magras, preferencialmente atletas, com baixo índice de massa corpórea (IMC), e que não desejam grandes volumes ou maior proeminência do polo superior, denominadas estas de tipo IV, de acordo com o diagrama.
Desta forma, as pacientes do tipo I teriam maior benefício com os implantes redondos, já as mulheres do tipo IV, maior vantagem e resultado estético com os implantes anatômicos. Nos sub-grupos intermediários (II e III), cada caso deveria ser avaliado individualmente e empregando outros critérios associados, podendo nestes grupos, benefícios tanto com as matrizes redondas quanto com as anatômicas.
Apesar das vantagens pontuadas previamente, há como em qualquer técnicas algumas limitações inerentes ao procedimento. Como em qualquer cirurgia, alguns fatores limitantes estão relacionados e que restringem a sua maior aplicação. A complexidade da técnica, os custos hospitalares e a necessidade de materiais especiais são mencionados como principais desvantagens da via axilar, sobretudo com o emprego da endoscopia na cirurgia de mastoplastia de aumento.
Apesar destas limitações, a técnica apresenta benefícios em relação às técnicas convencionais. Vale ressaltar a ausência de cicatrizes na região mamária e o melhor controle no posicionamento do sulco infra-mamário como as principais vantagens advindas da via de acesso axilar na mastoplastia de aumento. Ademais, com o advento da variante técnica sem o emprego da endoscopia, torna a técnica axilar mais acessível, fato este que implica também em redução de custos cirúrgicos. De fato, e já pontuado pelo Prof. Alexandre Munhoz na publicação de 2006, a técnica promove modificações e estabelece a padronização da via axilar em mamoplastia de aumento, porém sem o emprego da endoscopia.
Publicado em 2006 no periódico americano Aesthetic Plastic Surgery, o Prof. Munhoz descreve aspectos técnicos e a evolução do emprego da técnica em 60 pacientes submetidas a mastoplastia de aumento por via de acesso axilar e em posição subfascial. Por meio de afastadores especiais e marcações e posições pré-estabelecidas aprimora a dissecção na região da fáscia do músculo peitoral maior e na preservação dos vasos linfáticos e nervos da região axilar. Nesta variante técnica, sem o emprego do endoscópico, o posicionamento adequado na mesa de cirurgia além do uso de afastadores e, sobretudo, de descoladores "customizados" permitiu a completa visualização da loja retrofascial e a adequada hemostasia.
Em pacientes brevilíneas e na colocação de implantes de médio volume, a técnica tem se mostrado exequível, com baixa morbidade e relativa simplicidade do ponto de vista técnico. Ademais, toda a dissecção é realizada em um plano cirúrgico entre a fáscia do músculo peitoral maior e o próprio músculo. Desta forma e frente a essas evidências e somando a inúmeras outras experiências de outros autores analisando casuísticas retrospectivas podemos ponderar que a técnica da via axilar para a colocação do implante mamário de silicone encontra-se estabelecida.
A padronização da técnica cirúrgica, seja ela com ou sem endoscopia, o emprego da via subfascial em casos selecionados e, sobretudo a atenção a anatomia e a técnica cirúrgica no que que tange a preservação neural e linfática, permite lograr resultados estéticos muito satisfatórios e com índice de complicação baixo e semelhante ao observado nos demais procedimentos empregados na mamoplastia de aumento.